Estudo do Ipea alerta para o risco de jornada de trabalho pós-expediente
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“Todas as análises que têm sido feitas demonstram que desde os anos 2000 o mercado de trabalho brasileiro tem melhorado muito: há, por exemplo, mais gente ocupada, menos desempregados e mais assalariados do ponto de vista formal, com carteira assinada. Mesmo assim, as pessoas estão trabalhando mais, de forma mais intensa, e esse tempo de trabalho está invadindo cada vez mais a vida particular das pessoas”, afirmou o técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea André Gambier Campos nesta quarta-feira, 21, em Brasília, durante a apresentação do Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) sobre Trabalho e tempo livre.
De acordo com a análise feita pelo Instituto, para um grupo dos entrevistados – entre 30% e 50% deles – há uma percepção comum da relação entre o tempo de trabalho e o tempo livre: a de que o tempo de trabalho remunerado afeta de modo significativo, crescente e negativo o tempo livre. Isso, segundo o pesquisador, é um fenômeno preocupante, porque gera uma série de consequências negativas para a vida desses trabalhadores, como cansaço, estresse e desmotivação, além de prejuízo das relações familiares e de amizade, das atividades esportivas, educacionais etc.
Para André Gambier, não deixa de ser contraditório observar que a percepção desse grupo de entrevistados conflita com a leitura que se fez dos dados da PNAD/IBGE, os quais mostram uma aparente redução da importância do tempo de trabalho na vida cotidiana da população brasileira. Ele disse que parte da explicação pode ser uma “diluição” das fronteiras entre tempo de trabalho e tempo livre, já que para quase metade dos entrevistados, mesmo quando é alcançado o limite da jornada diária, o trabalho continua a acompanhá-los, até mesmo em suas casas.
O estudo aponta também que apesar da percepção comum de que o tempo de trabalho afeta de maneira significativa, crescente e negativa a qualidade de vida, somente um quinto dos entrevistados pensam em trocar de ocupação por conta disso. E ainda que a pesquisa não trate especificamente do tempo de trabalho não remunerado, desenvolvido no âmbito doméstico, traz algumas informações a respeito: esse tempo de trabalho é significativo na vida diária dos entrevistados – um quarto das respostas indicam que em caso de nova lei prevendo a diminuição da jornada de trabalho, a principal destinação do tempo livre seria o cuidado com a casa e a família.
O SIPS ouviu 3.796 pessoas residentes em áreas urbanas, das cinco regiões do país. A pesquisa analisa, por exemplo, se o trabalhador consegue se desligar das preocupações profissionais após o período de trabalho, se realiza outras atividades cotidianas, se o tempo dedicado ao trabalho compromete sua qualidade de vida, e a percepção a respeito da redução da jornada de trabalho.
Debate sobre as 40h
Para o presidente da CTB, Wagner Gomes, a pesquisa do Ipea demonstra a necessidade de a sociedade retomar a discussão sobre a redução da jornada de trabalho no país para 40 horas semanais – atualmente a lei permite 44 horas.
“Em geral, nós defendemos a redução da jornada pela quantidade de empregos que ela geraria no país, mas esse aspecto do tempo livre também é fundamental para o trabalhador”, ressalta do dirigente.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) define as 40 horas semanais como uma jornada de trabalho “adequada” para a classe trabalhadora. Há mais de uma década transita na Câmara dos Deputados projetos de lei com essa proposta, mas o debate não ganha corpo na sociedade, em especial pela pressão do empresariado.
"A redução é uma das bandeiras de luta das centrais sindicais. Ela faz parte da Agenda da Conclat, aclamada por 30 mil dirigentes em 2010. Seguimos em defesa das 40 horas, com a certeza de que a sociedade como um todo seria beneficiada por essa conquista", sustentou Wagner Gomes.
De acordo com a análise feita pelo Instituto, para um grupo dos entrevistados – entre 30% e 50% deles – há uma percepção comum da relação entre o tempo de trabalho e o tempo livre: a de que o tempo de trabalho remunerado afeta de modo significativo, crescente e negativo o tempo livre. Isso, segundo o pesquisador, é um fenômeno preocupante, porque gera uma série de consequências negativas para a vida desses trabalhadores, como cansaço, estresse e desmotivação, além de prejuízo das relações familiares e de amizade, das atividades esportivas, educacionais etc.
Para André Gambier, não deixa de ser contraditório observar que a percepção desse grupo de entrevistados conflita com a leitura que se fez dos dados da PNAD/IBGE, os quais mostram uma aparente redução da importância do tempo de trabalho na vida cotidiana da população brasileira. Ele disse que parte da explicação pode ser uma “diluição” das fronteiras entre tempo de trabalho e tempo livre, já que para quase metade dos entrevistados, mesmo quando é alcançado o limite da jornada diária, o trabalho continua a acompanhá-los, até mesmo em suas casas.
O estudo aponta também que apesar da percepção comum de que o tempo de trabalho afeta de maneira significativa, crescente e negativa a qualidade de vida, somente um quinto dos entrevistados pensam em trocar de ocupação por conta disso. E ainda que a pesquisa não trate especificamente do tempo de trabalho não remunerado, desenvolvido no âmbito doméstico, traz algumas informações a respeito: esse tempo de trabalho é significativo na vida diária dos entrevistados – um quarto das respostas indicam que em caso de nova lei prevendo a diminuição da jornada de trabalho, a principal destinação do tempo livre seria o cuidado com a casa e a família.
O SIPS ouviu 3.796 pessoas residentes em áreas urbanas, das cinco regiões do país. A pesquisa analisa, por exemplo, se o trabalhador consegue se desligar das preocupações profissionais após o período de trabalho, se realiza outras atividades cotidianas, se o tempo dedicado ao trabalho compromete sua qualidade de vida, e a percepção a respeito da redução da jornada de trabalho.
Debate sobre as 40h
Para o presidente da CTB, Wagner Gomes, a pesquisa do Ipea demonstra a necessidade de a sociedade retomar a discussão sobre a redução da jornada de trabalho no país para 40 horas semanais – atualmente a lei permite 44 horas.
“Em geral, nós defendemos a redução da jornada pela quantidade de empregos que ela geraria no país, mas esse aspecto do tempo livre também é fundamental para o trabalhador”, ressalta do dirigente.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) define as 40 horas semanais como uma jornada de trabalho “adequada” para a classe trabalhadora. Há mais de uma década transita na Câmara dos Deputados projetos de lei com essa proposta, mas o debate não ganha corpo na sociedade, em especial pela pressão do empresariado.
"A redução é uma das bandeiras de luta das centrais sindicais. Ela faz parte da Agenda da Conclat, aclamada por 30 mil dirigentes em 2010. Seguimos em defesa das 40 horas, com a certeza de que a sociedade como um todo seria beneficiada por essa conquista", sustentou Wagner Gomes.
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