SindQuimicos e Alunorte Norsk Hydro retornam com Acordo Coletivo já reprovado por trabalhadores. Oposição Sindical faz uma análise!

O município de Barcarena abriga uma das maiores empresa de alumina do mundo. A Alunorte era uma empresa do portifólio da Vale,e que  recentemente passou a ser controlada pela norueguesa Norsk Hydro. O rito de passagem tem provocado muitas incertezas entre os operários.
Até o instante ninguém sabe se vai haver reengenharia. A alteração do controle da empresa coincidiu com o processo de acordo coletivo

Que tomou rumo inesperado para os negociadores da empresa, uma proposta dita de consenso entre a direção do Sindicato e a Alunorte/ Norsk Hydro, foi rejeitada pelos trabalhadores em assembléia geral. Acontece que a Alunorte ignorando a decisão da assembléia e contando com a passividade do Sindicato, principalmente do seu presidente Gaspar, resolveu endurecer a negociação e obrigou o Sindicato a colocar de novo a proposta em votação, provocando a indignação dos trabalhadores.   
 Para tirar algumas dúvidas buscamos entrevistar Gilvandro Santa Brígida, Bacharel e licenciado pleno em Ciências Sociais pela UFPA, um dos fundadores do Sindicato dos Químicos de Barcarena  e Coordenador da Oposição Sindical, que faz uma avaliação do atual momento na Alunorte/Nosk Hydro 

BLOG- como você chegou a diretor do Sindicato dos Químicos de Barcarena?

Gilvandro – não se chega a diretor de Sindicato por acaso, todas as experiências de pessoas que “viraram” sindicalistas de uma hora para outra nunca deu certo. Sindicalista não se constrói em laboratório ele é fruto das lutas do dia-a-dia. Antes de eu chegar ao Sindicato, passei pelo movimento estudantil, pelo movimento de Igreja mais precisamente as comunidades eclesiais de base que formaram muitas lideranças que ajudaram na redemocratização do País.Toda essa formação me deu a segurança e conhecimento enfrentar as demandas no Sindicato.

Blog – Na sua opinião o que aconteceu para que o acordo coletivo na Alunorte/Nosk Hydro chegasse a esse desfecho?

Gilvandro – Olha, como já falei a direção do Sindicato foi construída em laboratório, eles não estão legitimados, ou seja, não representam de fato os trabalhadores. Por outro lado a empresa que tem o controle total da entidade se sentiu a vontade, achando que a qualquer tempo aprovaria sua proposta de fechamento de acordo.

Eu tenho uma teoria, um Sindicato pelego é prejudicial também para a empresa, pois ela não consegue perceber os verdadeiros anseios dos trabalhadores.

Blog -  A atual direção do Sindicato sempre pregou um discurso de que deve haver uma harmonia entre Sindicato e empresa,  o que você pensa sobre isso?

Gilvandro – Eu só posso dizer que não vivemos em conto de fadas, onde tudo é uma maravilha. Na relação Capital e trabalho não existe harmonia, sabe por quê? Porque os interesses dos trabalhadores e patrões são antagônicos, ou seja, são diferentes, contrários. E por esse motivo não existe harmonia. O que temos que entender que quando assinamos um contrato com a empresa estamos vendendo nossa força de trabalho ou mão de obra, em troca de um salário que devido um grande exército de trabalhadores desempregados é sempre desvalorizada. Se a relação capital e trabalho fossem harmônicos não existiria Sindicato, ele existe em função destes conflitos entre as duas classes.

Blog- O que motivou a empresa a controlar o Sindicato?

Gilvandro- Acredito que a postura classista da antiga direção. E principalmente a relação com outras entidades de classe em escala regional, nacional e internacional. E ainda a participação em vários fóruns, onde sempre denunciamos os passivos sociais e ambientais dos empreendimentos. Acumulamos muito conhecimento nesses espaços e com contatos com inúmeros pesquisadores. Os problemas daqui são conhecidos hoje em todo o mundo. Já a atual direção não tem preparo, e fica mais fácil de enrolar.

Blog- Como você vê a intransigência da empresa em forçar o Sindicato a colocar uma proposta que foi rejeitada pelos trabalhadores novamente em votação?

Gilvandro – Acredito que a Alunorte está dando um tiro no pé. A Alunorte ficou desnorteada com a rejeição da proposta, ela não esperava esta resposta dos empregados, já que o Sindicato estava defendendo a aprovação da mesma.  Acontece que esta direção desde que assumiu ao Sindicato nunca teve a confiança dos trabalhadores, visto que foi eleita com 25% dos votos dos seus sócios e, diga-se de passagem, concorrendo sozinha.

Duas coisas aconteceram e a empresa não fez uma leitura! Talvez porque tem a direção do Sindicato na mão. Primeiro foi a formação da Oposição Sindical que não estava organizada enquanto grupo no interior da fabrica, e que a empresa menosprezou. O outro foi a processo de discussão da Intrajornada que foi um acordo muito ruim para os trabalhadores de turno, principalmente pela retirada de parte do valor pago no acordo para o advogado, afinal o Sindicato garantiu que os honorários advocatícios seriam pagos pela Alunorte. A pouca confiança que restava no Sindicato foi pelo ralo.

A atitude mais sensata neste momento seria a empresa apresentar uma proposta que fosse de encontro aos anseios dos trabalhadores, e não mandar a linha de comando pressionar os trabalhadores para votarem a favor da proposta com a ameaça de dissídio coletivo. Com esta atitude a empresa rasga uma de suas certificações mais importante que é a SA 8000.

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Gilvandro – Gostaria de aproveitar este espaço no seu blog e fazer um pedido para que a empresa repense e apresente uma proposta para fechamento do acordo. Qual é o custo para a Alunorte se ela oferecer uma cartela de tíquetes no natal ou aplicar a inflação no tíquete em 2013? A proposta pode até passar, já que está havendo pressão pelo fechamento do acordo, mais os trabalhadores vão ficar chateados e isto não é bom para a empresa principalmente agora que um novo modelo de gestão de anuncia.